quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Um Ano Novo com 25 Cabides!



Última postagem do ano. Falta menos de uma hora pra eu partir para a Ilha do Governador, onde passarei o Reveillon. A postagem de hoje é mais ou menos uma reflexão sobre o que significa a comemoração do Ano Novo. Este ano resolvi fazer diferente: embora a tentação fosse grande, decidi não ir para Copacabana. Quero mudanças na minha vida.
Como dizia Gandhi, “seja você a mudança que você quer ver no mundo”. Coloquei a idéia à prova no começo de dezembro e resolvi transformar a minha casa. Pequenas mudanças que não vão muito além do campo da estética (não sei porque as pessoas mais conservadoras, religiosas e ranzinzas não dão valor à estética... eu acho o belo algo divinal! Acho que Deus está no que é belo, inclusive na capacidade que deu ao homem de buscar o que é bonito, mas enfim...). Nova pintura na sala, que inspirou uma nova mobília, que inspirou uma nova TV, que inspirou a pintura do teto dos demais cômodos, que inspirou a reforma dos quartos, e a coisa ainda está caminhando... (Interrupção: minha mãe acabou de chegar no quarto me mostrando o novo corte de cabelo: cortou tudo, curtinho, está linda, um charme! Continuando: ...que inspirou minha mãe a cortar o cabelo, que inspirou... que inspirou... que inspirou...).
Sendo eu a mudança que quero ver no mundo, decidi renovar o meu quarto! Um quarto bonito não cabe tanta coisa velha! O quarto está às traças: tantos objetos, tanta lembrança, tanta coisa antiga, que não cabe mais nesse cubo dormitório (faltam 40 minutos pra eu partir pra Ilha do Governador). Comecei a mexer no guarda-roupa anteontem e consegui esvaziar a metade dele e tirar de lá tudo o que não mais fazia sentido na minha vida. Como foi difícil me livrar do meu passado mais preservado do ponto de vista material! Vocês não têm idéia das coisas que eu encontrei: um jornal de quase sete anos que falava do campus da minha universidade, cujo curso já concluí há três anos; uma caixa de lembranças que, depois de revisada e revirada, resumiu-se a um conjunto de clips coloridos que coloquei no meu porta lápis; roupas com motivo xadrez que eu nem sei o que faziam lá dentro; uma cesta de café da manhã que ganhei depois de um mês me enrolando a um flerte, flerte este que não durou uma semana depois de ter recebido a cesta (não foi intencional, viu?); uma bolsa personalizada que me foi presenteada pelo meu primeiro amor, e que eu preservava até hoje por causa da foto que nela estava colada (livrei-me da bolsa e guardei a foto); um bolo de notas de cartão de débito; perfumes velhos com dezenas de amostras grátis já há muito passadas; centenas de papéis, provas velhas, revistas, trabalhos de faculdade do primeiro período (e pasmem, não eram meus! Eu acho que eu peguei pra distribuir de volta aos meus colegas dos quais nem me lembro mais os nomes nem os rostos!). Tanta quinquilharia! Como foi difícil selecionar...
Do outro lado do guarda-roupa, não tinha muitos objetos; o que tinha foi lançado ao vento. De um modo geral, o armário, que guarda minhas roupas, precisava de espaço, precisava respirar. Com tanta roupa sem usar, eu já estava sufocando o pobre do armário, que já suava de tanto me implorar pra dar um jeito na bagunça, tanto quanto minha mãe, que não fazia diferente há mais de seis meses pedindo pra arrumar a zorra que esteve este cômodo. Livrei-me de uma camiseta que comprei em 1998! Lembro-me como se fosse hoje, indo à C&A porque queria uma camiseta no estilo dos jogadores de basquete. Doação! Umas blusas que comprei há anos, porque queria ser sóbrio, usar cores pastéis, neutras, blusas lisas, tanto quanto minha fase pré-aceitação. Doação! Meias que já não cabiam no meu pé. Doação! Bolsa que comprei para ir à faculdade. Doação!
Entre tantas outras roupas mal, pouco ou nunca usadas! Não é possível que prendi tanta vestimenta dentro do meu armário, justamente eu, que tenho horror a armário e a tudo e todos que se mantêm dentro dele. Mas eu mantive. Durante um tempo comecei a me sentir culpado pelas pessoas que morrem de frio, pelas ruas da cidade, pelos desabrigados de Santa Catarina, que perderam todas as suas vestimentas, pelos sem-teto, pelos sem-terra, pelos sem-roupa... e isso me deu um vazio! Mas um vazio tão inspirador! Tão grande quanto o vazio que ficou entre cada cabide que restou no móvel. Quanto espaço! Louvores ao vazio! Meu prêmio foi ver que não precisava mais comprar cabides, pois já estava até conferindo o preço mais barato. Como tudo o que é relativo, depende do ponto de vista: não faltavam cabides, mas sobravam roupas, muitas roupas! Pra quê? Pra que guardar o passado de maneira tão egoísta? “Essa blusa não dou, Fulano me deu”. Pra quê? “Essa calça eu nunca usei, está novinha...”. Pra quê? Em suma, o resultado da reforma foram vinte e cinco cabides! Todos liberados! Além deles, inúmeros espaços vazios, prontos para receberem de 2009 a inovação que o ano pede: 2000 INOVE! O quarto ainda está uma bagunça, Faltam 25 minutos para eu ir para a Ilha do Governador. Preciso colocar a maionese no salpicão. O tempo corre, Gustavo está me esperando. Não posso me atrasar. Que 2009 me traga muita pontualidade. E também cabides, para pendurar em cada um, a esperança de um mundo melhor. Não pensem que estou confinando a esperança de melhorar o mundo dentro de uma mobília. Aos pouquinhos a gente precisa aprender a tirar do armário tudo aquilo que pode ser útil e feliz fora dele. Que venha o Ano Novo!



Um comentário:

  1. Oi dindinho lindo!
    Vc é realmente o máximo!
    Que venha 2009 com nossos armários escancarados para o novo.
    te amo.

    Léa

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