sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Editora Metanoia esquenta o fim do ano com lançamentos imperdíveis!

O fim de ano será mais quente que o de costume! Pelo menos é o que a Metanoia Editora está prometendo com o lançamento de mais dois livros em novembro. São eles: "Pode a Bíblia Incluir?", de Márcio Retamero; e "O Dragão que Habita em Nós", de Derval Dasílio. Um terceiro livro é esperado para o mês de dezembro: "Jeito Calladinni de Voar", de Alexandre Calladini.

A Metanoia é uma editora nova no mercado e, às vésperas de completar seu primeiro aniversário já conta com publicações polêmicas, audaciosas e comprometidas com os Direitos Humanos. Um dos destaques de suas puiblicações é o foco na Inclusão, sobretudo no que se refere à literatura LGBT. Também tem destaque livros de caráter teológico que procuram romper com paradigmas conservadores, a exemplo do famoso "Banquete dos Excluídos", também de Márcio Retamero, e que foi lançado em dezembro passado.

O Sai na Urina é parceiro da Metanoia Editora e indica toda a sua literatura para os seguidores que acompanham este blog mijão.

Então é isso! Não percam os lançamentos de fim de ano da Metanoia Editora. Pegue uma caneta e anote o cronograma de lançamentos:

Dia 10/11 - "Pode a Bíblia Incluir? Por um Olhar Inclusivo sobre as Sagradas Escrituras", de Márcio Retamero. Local: Centro Cultural da Justiça Federal (RJ) - Av. Rio Branco, 241. Horário: 19 horas.

Dia 12/11 - "O Dragão que Habita em Nós: Conversas sobre Religião e Vida de Fé", de Derval Dasílio. Local: Museu da República (Livraria) - Rua do Catete, 153 - Catete (RJ). Horário: 18 às 21h.

Dia 04/12 - "Jeito Calladinni de Voar: Diário de um Comissário de Voo", de Alexandre Calladinni. Local e horário (a definir).

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Afinal, que diz a lei contra a homofobia?

Entre a extensa lista de citações do filósofo grego Aristóteles, uma é essencial para que todo este texto faça sentido: “O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete”. Ser gay não é o único motivo que me faz acreditar que o projeto de lei substitutivo 122, de 2006, adiciona a discriminação aos homossexuais a lista de crimes da lei º 7.716 seja benéfico para toda a sociedade. O que me faz acreditar neste projeto é seu texto, claro, conciso e objetivo.

Ao contrário do que vociferam pastores evangélicos Brasil a fora, como Silas Malafaia e o senador Magno Malta (PR/ES), a PL122 não torna os gays uma ‘categoria intocável’. A discriminação por orientação sexual (homo/bi/trans e hetero) passa a incorporar o texto de uma lei já existente, que pune o preconceito por raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero e sexo. Aprovada a modificação, a lei ganha o texto ‘orientação sexual e identidade de gênero’ como complemento.

A lei, que já cita uma extensa lista de crimes contra estas fatias da sociedade, adiciona ainda impedir ou proibir o acesso a qualquer estabelecimento, negar ou impedir o acesso ao sistema educacional, recusar ou impedir a compra ou aluguel de imóveis ou impedir participação em processos seletivos ou promoções profissionais para as pessoas negras, brancas, evangélicas, budistas, mulheres, nordestinos, gaúchos, índios, homens heterossexuais, mulheres homossexuais, travestis, transexuais… pra TODO MUNDO! Ou seja, a lei não cria artifícios para beneficiar apenas os gays, mas para dar mais garantias de defesa de seus direitos para toda a sociedade, da qual a comunidade gay está inserida.

O único artigo que cita diretamente novos direitos constituídos a homossexuais é o oitavo, que torna crime “proibir a livre expressão e manifestação de afetividade do cidadão homossexual, bissexual ou transgênero, sendo estas expressões e manifestações permitidas aos demais cidadãos ou cidadãos”, deixando claro que os direitos são de TODOS, e não apenas de um grupo seleto de pessoas.

Mas e a liberdade de expressão?

O ponto mais criticado por evangélicos, especificamente, é a perda da liberdade de expressão. Ora, onde um deputado em sã consciência faria um projeto desta magnitude e não estudaria a fundo a constituição para evitar incompatibilidades? A PL122 apenas torna crime atos VIOLENTOS contra a moral e honra de homossexuais, o que não muda em nada o comportamento das igrejas neo-pentecostais em relação a crítica. Uma igreja pode dizer que ser gay é pecado? Pode. Assim como pode dizer que ser prostituta é pecado, ser promiscuo é pecado, ser qualquer coisa é pecado. A igreja pode dizer que gays podem deixar o comportamento homossexual de lado e entrar para a vida em comunhão com Jesus Cristo? Pode, claro! Tudo isso é permitido, se há homossexuais descontentes com sua orientação sexual, eles devem procurar um jeito de ser felizes, ou aceitando sua sexualidade ou tentando outro caminho, como a igreja, por exemplo.

Agora, uma igreja pode falar que negros são sujos, são uma sub-raça e que merecem voltar a condição de escravos? Pode dizer que mulheres são seres inferiores, que não podem trabalhar e estudar, e que devem ser propriedade dos maridos? Pode dizer que pessoas com deficiência física são incapazes e por isto devem ser afastadas do convívio social por não serem ‘normais’? Não, não podem. Da mesma forma, que igrejas não poderão dizer (mesmo porque é mentira) que ser gay é uma doença mental, que tem tratamento, que uma pessoa gay nunca poderá ser feliz e que tem de se ‘regenerar’. Isto é uma violência contra a moral e a honra dos homossexuais, e este tipo de conduta ofensiva será passiva de punição assim que a lei for aprovada.

O que a PL 122 faz é incluir. Ela não cria um ‘império Gay’, como quer inadvertidamente propagar um ou outro parlapatão no Senado. A PL 122 não deixa os homossexuais nem acima, nem abaixo da lei. Deixa dentro da lei. Quem prega contra a lei tem medo de perder o direito de ofender, de humilhar, de destruir seu objeto de ódio. Quem prega contra a PL 122 quer disseminar a intolerância. E tudo que nossa sociedade precisa hoje é aprender respeito e tolerância, e descobrir de uma vez por todas que é a pluralidade que torna nossas breves existências em algo tão extraordinário.

William De Lucca Martinez

Jornalista

@delucca / deluccamartinez@hotmail.com

Fonte: http://peganomeu.wordpress.com/2010/04/12/afinal-que-diz-a-lei-contra-a-homofobia/


sábado, 2 de outubro de 2010

Não voto em evangélico!

Daqui a algumas horas decidiremos o futuro político do nosso país. Neste domingo, 03 de outubro de 2010, cerca de 135 milhões de brasileiros e brasileiras se destinarão às suas respectivas zonas de meretrício eleitoral. E eu não farei diferente. Irei lá dar a minha apertadinha. Meter o dedo, por assim dizer. E meu critério que há tempos venho professando pelas minhas redes sociais é não votar em evangélico.

E vocês, leitores e leitoras, não fazem ideia do tamanho da polêmica que criei quando ousei postar isso no subtítulo do MSN e no status do orkut. Através do MSN, dois ex-alunos e um colega (ou ex-colega) de teatro vieram me criticar, posto que são evangélicos. Um amigo gay surpreendentemente me abordou por este mensageiro dizendo estar estupefato com minha simples frase. Apenas um único amigo, também do teatro, viu a frase de maneira positiva. Pelo orkut choveram críticas, e todas elas muito pouco originais pois caíam sobre a mesma assertiva: isto é preconceito.

Por isso decidi escrever esta postagem. Não em tom de satisfação, porque a essa altura da vida não preciso bater cabeça pra nenhum mentor político. O voto de cabresto já se passou há muito! Minhas convicções políticas não precisam se explicar; o mundo que se contente em aceitá-las ou não aceitá-las. Escrevo em tom de resposta, quiçá de provocação.

Não vou aqui fazer a linha "politicamente correto", não. Quer achar que a frase é preconceituosa!? Que ache! Que seja preconceituosa, então. Mas o galhardão do meu voto, esse grupinho evangelouco não vai ter mesmo. E tenho muitos motivos para não dar o meu voto para os "irmãos" em Cristo. Quais sejam, são criticáveis. Mas não pretendo mudá-los até a hora de votar, para a infelicidade dos crentes.

Primeiramente, antes que me perguntem por que diabos eu não voto em evangélico, eu reformularei a pergunta: Por que eu devo votar em evangélico? Por que são bonzinhos? Será isso? Por que possuem bons valores? Talvez os bons valores em reais que se amontoam nos cofres não confiados ao fisco, que a cada dia engordam mais com as somas de dízimos e ofertas de um povo que barganha o pão de cada dia, de um povo até inocente em sua fé, ingênuo na vida espiritual. Por que eu devo votar em evangélico? É preciso mesmo ser evangélico para ser leal, honesto, bom caráter, digno? Eu não vejo, a princípio, nenhum motivo que me leve à necessidade de votar exclusivamente em evangélico. Não vejo nada neste povo que mereça a exclusividade do meu voto. Então, antes de qualquer coisa, não desacredito nos bons valores evangelicais e sei que existem excelentes pessoas que são evangélicas. Mas acredito que existem também excelentes pessoas umbandistas, ateias, budistas, bahai's, agnósticas, católicas, hindus, xintoístas etc.

O meu problema não é o evangélico em si (na verdade, é também! rs rs rs... mas não para esta questão, em outro momento falo sobre isso! ), mas o evangélico candidato. O político evangélico. Aí, ao meu ver, está a desgraça. A desgraça política, esclareça-se. Porque acredito que a Graça do Senhor é pra todos e todas. Até para o evangélico. Certa vez me perguntaram: "e se você não souber que o candidato é evangélico!?". Bom, neste caso eu acho ótimo. E, na minha consciência, não estarei votando em evangélico. Portanto estou sendo coerente, assim como o(a) candidato(a), que usou da coerência e do bom senso e não declarou publicamente a sua fé.

E qual o problema em declarar a fé evangélica? Bom, em se tratando de política, um problema grande! Não tenho base teórica para provar isto, mas desafio aos que discordarem que me provem cientificamente se estou errado: evangélicos tem tesão em votar em outros evangélicos. Eu me pergunto: "Senhor, por que!? Tu deste o cérebro, o que estão fazendo com ele? Perdoai, Senhor, porque eles não sabem o que fazem". E a coisa é tão alarmante que se torna óbvio votar em outro evangélico. Dia desses eu vi numa igreja supermeganeopentecostal aqui perto de casa um banner de três metros de altura de um candidato ao lado daquele pastor da toalhinha... (aliás, que toalha imunda e fedorenta deve ser, não? higiene zero!). No banner, o pastor pedia votos para o dito cujo. Mas como assim? Se por muito menos o próprio Jesus desceu o barraco em Jerusalém, imagina se o Homem volta e encontra essa politicagem em Sua Casa!

O argumento dos fiéis é que precisam eleger pessoas de Deus pro Congresso. Bom, tudo bem. Mas assim... por que o Marcelo Crivella, por exemplo, que é acusado de crime contra o Sistema Financeiro e falsidade ideológica é considerado "de Deus" e o Zé das Couves, mandingueiro lá do interior do Ceará, não é? A gente nasce com uma etiqueta dizendo Made by God? E, se a princípio Ele é o Criador, por acaso não criou o Marcelo Crivella, o Zé das Couves, você, eu, e todos os que habitam este planeta!? Que história é essa que Fulano é de Deus!? Posso supor então que há quem não seja de Deus... e que, por acaso - apenas por acaso - é alguém que não faz parte da coligação partidária do pastor-candidato. Hummmm... muito suspeito!

Olha, pra ser bastante sincero eu acho que os evangélicos podem se candidatar. É direito! Mas os de boa índole, que não participam deste jogo sujo da política e agem mediante os interesses da coletividade (e não de uma classe restrita de cidadãos do Reino de Deus), sinceramente não deveriam sequer manifestar publicamente (em programas eleitorais, em santinhos, em folhetos) que pertencem a uma determinada religião. Se a religião é pessoal, e se o projeto é para todos, qual a razão para dizer que é cristão ou cristã, da igreja tal ou qual? Com certeza não é para ganhar pontinhos no Céu; há interesse político aí! Pra mim isto é muito claro...


Não vou mais titubear e serei breve. Quero finalizar esta postagem ainda hoje! Os dois últimos e maiores motivos que me levam a não votar em evangélicos são:


* tcham * tcham * tcham * tcham *


Evangélicos querem "converter" o Congresso inteiro! Evangélicos acham que a missão deles é converter o mundo! Evangélicos acham que pregar o Evangelho é "conseguir almas" para Deus, como se a tarefa de "converter" lhes coubesse, e não a Deus. Acaso não é Cristo quem escolhe os seus? Mas o medo do inferno é tão grande que é preciso registrar uma a uma as almas que foram "convertidas" ao Senhor. E, se assim é, convém colocar nas pautas políticas, nos assuntos do Povo, nas leis e nas cadeiras do Plenário pessoas que também comunguem deste ideal, pessoas que também busquem dominar o mundo... "em Cristo"! E nisto a laicidade do Estado vai por água abaixo... O Estado Brasileiro é laico. Ou pelo menos deveria ser. E eu me recuso a votar em pessoas entendem a laicidade do Estado como o estado diabólico do Estado. Estado laico não significa que o Estado é do diabo. Apenas não é de Deus. E não tem que ser mesmo. De nenhum deus. E tenho certeza Ele entende muito bem que religião não deve se assentar sobre a Casa de Leis. E quer saber? Acho que Ele prefere assim. Tanta desgraça já se fez quando a religião se assentou sobre a Lei!


Por fim, ainda há um motivo bem razoável para não votar em evangélico: as propostas políticas não me contemplam. Não se engane! Porque os evangélicos-candidatos não estão se enganando. Eles estão muito bem articulados e possuem claramente um projeto de poder que se articula diretamente com as propostas defendidas ou repudiadas por eles. Por exemplo, a questão do casamento homossexual é um tema que vem despertando a ira dos religiosos. nos debates políticos. Segundo eles, esta união abalaria a "família", como se homossexuais não tivessem e não formassem famílias. Como se existisse apenas um modelo de família, aquela do comercial de margarina que não existe há muito no Brasil. Ou você realmente acha que a família brasileira é assim, todos brancos, louros, reunidos em torno de uma mesa farta, pai e mãe, dois filhos limpos e sorridentes, em uma casa incrivelmente asseada e a felicidade estampada em cada olhar?


Ora, ora... a família margarina dos evangélicos é a minoria no Brasil. Nós, brasileiros, somos da família dos sem pais, onde os filhos são criados pelas avós, ou são deixados nas ruas para aprenderem a ser malabaristas nos sinais de trânsito e a ser palhaços na estrada da vida. A família brasileira é aquela chefiada por mulheres, porque o homem "cabeça" da casa abandonou a família, se é que um dia a conheceu. A família brasileira mal tem o que comer, mal tem o que vestir, e se arranja sem cerimônia de casamento. Nossa família é a família do jeitinho, que se equilibra entre as regras estabelecidas pra poder sobreviver. E ninguém usa a Bíblia pra poder dizer que a poligamia é bíblica ou que a liderança feminina da família não está na Lei de Moisés, sendo, portanto, uma abominação. Mas quando se trata da união de dois homens ou duas mulheres, imediatamente lembram do Livro Sagrado, quando, na verdade, não deveriam lembrar, já que a união não é religiosa, mas civil.



A crítica à descriminalização do aborto é outro prato cheio dos evangélicos-candidatos, e é também algo que também não me contempla. Não porque eu não seja mulher, mas porque não contempla meu modo de pensar a vida. Vejo malediscência quando este debate chega à mídia através destes programas religiosos de TV, atacando pessoas que são "a favor do aborto". Ora, a questão não é ser a favor ou contra o aborto, mas a favor ou contra descriminalizar a atitude de mulheres que recorrem a esta prática. Quem não faz aborto continuará não fazendo. Assim como quem não gosta de cigarro não passa a gostar simplesmente porque é lícito. Mas se a mulher precisar fazer este procedimento, que não recorra a clínicas clandestinas que lucram milhões com a ilegalidade. A ideia da descriminalização do aborto é simplesmente controlar uma prática que já existe. Não se trata de incentivar! Trata-se de impedir a morte de milhares de mulheres. Mas sabe por que isto não é relevante para os evangélicos? Porque mulher e lixo se confundem deste que o mundo é mundo. Para a grande maioria dos religiosos, lugar de mulher é abaixo do homem. E não se surpreendam: se homem pudesse engravidar, o aborto não apenas estaria descriminalizado, mas já seria obrigatório.