sábado, 29 de novembro de 2008

Fobia



Essa postagem eu recebi de uma lista de um grupo de e-mails. Não sou eu o autor, mas a atriz Lúcia Veríssimo. Acho que vale a pena reprodu
zir, pois sua importância e relevância falam por si. O link para a postagem original é: http://bloglog.globo.com/blog/post.do?act=loadSite&id=12539&permalink=true#
Espero que gostem!

FOBIA

Apesar de adorar todas as cores e agradecer ao todo poderoso poder enxergá-las, tenho maior preferência pela cor azul, principalmente o azul marinho e o turquesa. Para mim, tanto faz a chuva ou o sol. Consigo enxergar a beleza em qualquer uma das situações. Me dedico a natureza como um ente querido. Procuro ajudar a todos ao meu redor. Sou verdadeira, corajosa, destemida e leal. Leal aos meus amigos e mais ainda aos meus sentimentos, pensamentos e desejos. Acredito em Deus e tenho fé. Sou completamente devotada aos animais.


E você também gosta do azul ou gosta mais do verde?
Amarelo, ou mesmo do lilás?
Devo odiá-lo ou criticá-lo por isso?
Vou sentir medo porque você não gosta da mesma cor que eu?
HOMO do grego HOMUS, quer dizer igual, semelhante.
FOBIA = aversão. Também proveniente do grego PHÓBOS que quer dizer pavor.
Vou um pouco mais adiante com essa FOBIA, é a designação genérica das diferentes espécies de medo mórbido e s
egundo o Aurélio, horror instintivo a alguma coisa; aversão irreprimível.
AVERSÃO – ódio, rancor, repugnânci
a, repulsa.
Só de escutar essas palavras acima: ódio, rancor, repugnância, repulsa, a mim causa arrepios, no mau sentido.
MÓRBIDO – enfermo, doente, como explica
o dicionário etimológico de Antônio Geraldo da Cunha e também no Aurélio = frouxo. Engraçado, não? Frouxo.
Sábias palavras de F. D. Roosevelt (Presidente dos EUA entre 1882 – 1945) "A única coisa que devemos ter medo e do próprio medo".
A verdadeira moral, zomba da moral, que é sem regras. E moral defende a observância estrita de princípios da moral estabelecida. Estabelecida por quem? Sobre que critérios? Em que época?
AMOR – Sentimento de inclinação e de atraç
ão ligando os seres uns aos outros, a Deus e ao mundo, mas também o indivíduo a si mesmo.
Para o Aurélio, Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser ou a uma coisa; devoção extrema, sentimento terno ou ardente de uma pessoa por outra, e que engloba também atração física, afeição, amizade, carinho, simpatia, ternura, muito cuidado; zelo.
Enfim, esse é o sentimento mais precioso e único. Capaz de nos traduzir como criaturas de Deus. De nos conectarmos com o universo em toda s
ua dimensão.
Amor, seja ele de que forma for, pode fazer mal?
Por que sentir medo do amor que duas pessoas podem sentir?
Só porque não é da mesma forma como você, supostamente, ama?
Mas e se você gosta mais da cor vermelha e seu irmão da bege?
Por que você tem que convencê-lo de que a vermelha é que é a cor para ser amada?
Você consegue enxergar as cores com os olhos dele?
E se para ele o vermelho é muito forte e pod
e até incomodá-lo?
Mesmo que doa a seus olhos, você vai querer obrigá-lo a amar somente o vermelho?
Você já pensou que age assim porque sente medo do sentimento do outro e isso faz com que você repense o seu?
Conselho que uma vez vi darem a um jovem: "Faça sempre o que tem medo de fazer". R.W. Emerson (filosofo e poeta norte-americano, 1803-1882)
E sabe por que?
"Justamente aquelas coisas que provocam mais medo são menos temíveis". Sêneca (filosofo latino, 4 a.c – 65 d.c.)

E não esqueça que: "O medo segue o crime e é seu castigo". Voltaire (escritor e filósofo francês, 1694 – 1778).
E por falar em crime, está sendo estudado o Projeto de Lei 5003/2001 que vai se tornar o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/200
6, que propõe a criminalização da homofobia.
Se você acredita que qualquer forma de amor vale a pena, se você acha que os seres humanos devem ser livres para escolherem seus pró
prios caminhos e se quiser apoiar essa lei, visite o site http://www.naohomofobia.com.br/lei/index.php, leia sobre ela e assine.



quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Da Importância do Descarte


Esses dias eu me deparei com uma situação no mínimo emblemática. Isto porque, penso eu, as pessoas se chocaram com as coisas que disse sobre o "Descarte". Quando eu digo "pessoas" é apenas pretexto para se referir no geral a uma no específico. Mas vamos lá. O que tanto chocou no meu discurso?
Uma vez me disseram que eu trato das coisas como "descartáveis", e eu fiquei me perguntando por quê. Queria entender essa visão que pairava sobre mim. De fato, aos poucos fui compreendendo um pouco mais sobre o meu eu, e me chocando às vezes com algum lado muito superficial e fútil de mim mesmo... Entretanto, hoje faço uma outra leitura e entendo sob um outro prisma o que seria "descartar".
Vamos ao Aurélio! Descartar é "rejeitar (a carta de baralho que não serve); jogar fora após o uso; livrar-se de pessoa ou coisa importuna", como a urina, por exemplo, que sai simplesmente porque já não serve mais para o corpo (que não me leiam os urinoterapeutas!). Automaticamente me perceberam como pela segunda definição. Talvez seja, mas há outras formas de se pensar a questão.
Penso que uma das maiores dificuldades do ser humano, sobretudo dos brasileiros, é a capacidade de escolher. Nosso povo é um povo tradicional, que gosta do tradicional, um povo extremamente marcado por símbolos, ícones, simpatias, apetrechos e tudo o mais. A gente se apega aos detalhes, aos papeizinhos de bala, às cartas de amor que escrevemos ou que escreveram pra gente, ao primeiro presente, ao primeiro sutiã, ao primeiro tudo!!! Quantos de nós não guardamos ainda as primeiras lembranças da adolescência, as roupas de criança, os brinquedos... é muito difícil nos livrarmos do nosso passado material, não é verdade? Na verdade nem sei se devemos. Eu mesmo tenho coleções de lembranças materiais no meu quarto: de fotos a adereços de carnaval, de livros a cartões de natal, de notas fiscais a boletins do Ensino Fundamental! Quanta gente, por outro lado, também não carece dos livros que guardamos, quantas crianças também não precisam dos brinquedos com os quais não brincamos mais? Mas nosso medo de nos livrarmos do material acaba prevalecendo, mascarando o medo de perdermos aquilo que ele representa. Buscamos eternizar através do material um sentimento ou uma experiência que jamais se repetirá. Experiência só é experiência se for diferente. Do contrário, é mesmice.
Se é difícil nos livrarmos do material, daquilo que se deteriora à simples vontade humana (de rasgar, queimar, de levar ao lixo ou doar a outrem), imagine o quão difícil é se livrar do passado imaterial não-produtivo! Quando nós escolhemos o novo, quando optamos por um caminho, devemos ter consciência que deixamos para trás outros caminhos possíveis, outras possibilidades, e que a escolha NECESSARIAMENTE implica no descarte. Por este ângulo, "descartar" é tão importante quanto escolher. Descartar implica em selecionar, em deixar para trás aquilo que já não mais é construtivo, e seguir o rumo em busca do melhor, do sonho, da felicidade. A gente se apega aos caminhos antigos com medo de não alcançar os novos, porque nos falta sonhar. Nós, brasileiros, somos pouco acostumados a acreditar nas nossas conquistas, nas nossas vitórias, em um Novo mais digno. Um povo tão sofrido, não é de se estranhar. Um povo com tanta euforia sufocada, com tanta expectativa frustada...
No dia-a-dia, esse temor se traduz no receio em se desligar do passado, com medo de perder o que de melhor nele houve. A consequëncia direta é acumularmos uma bagagem enorme do que chamei de "quinquilharia". E não pensem que sou um consumista fútil e fanático quando digo que muito do nosso passado é quinquilharia, porque não é por aí. Quinquilharia é aquilo que trazemos na bagagem da vida, e que não serve para absolutamente mais nada, a não ser para lembrar de um passado por um motivo qualquer. Ora, o que do passado acrescenta, que soma, que contribui, jamais será esse tipo de bagagem. O passado que constrói é, conforme as palavras de uma pessoa muito especial, "as marcas na nossa pele, o sangue que corre nas nossas veias". É ex-pe-ri-ên-cia! É uma lembrança do que tivemos, um referência para que busquemos algo melhor no futuro. Quinquilharia é querer reproduzir esse passado no futuro; é fazer igual; é eternizar a lembrança, não relegando a ela o seu devido lugar no passado; é a não-experiência; é, enfim, o retrato da dificuldade em não descartar. É pegar o "morto" do baralho e ficar com ele até o fim do jogo, até o fim da vida. Os jogos têm muito a nos ensinar... é a metáfora do jogo da Vida.
Até quando durarão nossos receios em descartar coisas, pessoas, momentos, situaçãoes, problemas? Será o medo de nos rotularem como superficiais demais, aqueles que tratam pessoa como lixo, usam e jogam fora (conforme a segunda definição do Aurélio)? Se tomarmos essa definição como única, até concordaria... mas, jamais esqueçamos, a palavrinha em questão é polissêmica, e traz um novo sentido se aplicada à nossa vida. Entendo "descartar" como o significado diametralmente oposto de "optar". É um sinônimo às avessas. É como claro e escuro, vida e morte. Não existe um sem o outro. Não descartar significa também não optar. E pessoas que não escolhem, não optam, correm o sério risco de querer abraçar o baralho todo e morrer com o "morto" na mão. Quem não escolhe o seu caminho, é levado pelos caminhos dos outros. No final, poderá ser tarde reclamar de se ter chegado no lugar não desejado, que estará longe, muito longe, da Felicidade.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Da Teoria da Criação


No princípio era o verbo, mas o verbo não conseguia sair da cabeça e se materializar nos pixels do computador. De tanto insistir, o verbo enfim saiu. Saiu curto, simples e objetivo: SAI! Eis o verbo! Mas o que saía do "sai"? Nada saía. Foram um pacote de biscoito, duas caixinhas de suco, uma de chocolate ao leite, três copinhos de café, dois de água e uma latinha de refrigerante. Até que a Bexiga, não agüentando o excesso de líquidos, pediu ao corpo o alívio para dentro de si. Desta forma, acalentada pelo desconforto, foi que a idéia deste diário eletrônico surgiu, um incômodo que latejava entre a pélvis e o abdome, como que informando o quanto era necessário aliviar as tensões do dia-a-dia, compensar a pressão do caos urbano em que vivemos, e aquecer os laços de amizades ora reais, ora quase reais, ora surreais. Foi assim, no calor das águas quentes de um amarelo-âmbar que, finalmente, o verbo pôde ter um complemento, a urina, o veículo de expiação da pressão nossa de cada dia.