sábado, 17 de janeiro de 2009

Tributo ao Pecado


Aos que aguardavam a primeira postagem do ano novo, gostaria de dizer que decidi inaugurar 2009 no Sai na Urina com uma novidade. A bem da verdade, não se trata de uma novidade propriamente dita. O que resolvi postar no blog é parte de minha antologia poética, acumulada ao longo de alguns anos de muitas reflexões, crises, êxtases, solidão, felicidade, prazer... Minhas poesias! Portanto, periodicamente novas (ou melhor, antigas) poesias serão postadas no blog e, porque este blog é um anti-espelho da minha vida, em todas as suas facetas, não posso deixar meu lado historiador de fora. Os textos urinados serão acompanhados de um breve histórico e uma análise pessoal do contexto em que foram produzidos. Será que um dia isso dá um livro? Vale a pena ensaiar!

O texto de hoje, a poesia inaugural, não tem motivo específico para sê-lo. Simplesmente porque é um dos poemas dos quais mais gosto é a razão básica de iniciar com ele a Seção Poesias Urinadas. Trata-se de "Tributo ao Pecado", um poema escrito com bastante fúria e indignação, motivado por um episódio que aconteceu durante um relacionamento que tive em 2005. Imaginem que após uma manifestação singela de afeto dentro de um ônibus, uma senhora - dessas crentecas fundo-de-quintal - decidiu entregar SOMENTE PARA NÓS DOIS um panfleto acompanhado de um discurso barato de que Jesus nos amava. Ora, não duvido do amor de Deus, e nem é isso o que estava em questão naquele momento. O que a velha quis dizer era que, a despeito daquela manifestação de carinho, existia uma salvação para nossa alma, mergulhada no pecado que ela, e somente ela, percebia e com o qual estava incomodada. Eu poderia descrever por linhas e linhas o ocorrido, mas prefiro encerrar por aqui e deixar com vocês o sabor único e úrico de "Tributo ao Pecado":



Tributo ao Pecado

2005


Com permissão do Criador
Seja Ele quem Ele for
Pois por Amor antes criou
O Paraíso!
Venho declarar
Minha vontade de gozar
Da liberdade de provar
Deste teu fruto...
Juro que eu te uso
Traga o teu abuso
Vire a serpente
Vem que eu te lambuzo...
Nosso Paraíso é quente
Ferve com o calor!











Quero comer da tua cor
E embriagado no sabor
Te seduzir com o suor
Do meu desejo!
Quero te aquecer
Com beijos no anoitecer
Sentir teu corpo amanhecer
No meu divã...
Ser o teu café
E te beber pela manhã
Ter a minha boca
Na tua maçã...
Ser teu trono, o teu dono
Teu ídolo, o teu fã...










Os meus desejos vão falar
Deixa a minha língua te contar
Nas ondas que formam o mar
Do teu ouvido...
Deixa o teu corpo
Se abrir de encontro ao meu
E a minha pele te rasgar
Pelo avesso...
Sou o teu devasso
Sou o teu travesso
Dentro dos teus braços
Teu a qualquer preço
Fruto dos teus passos
Eu me desconheço...













E ao sentir as tuas mãos
Pelos meus pêlos tão pagãos
E os teus dedos darem nós
Nos meus cabelos
Quase vou aos Céus
Me agarrando aos olhos teus
Como se eles, com certeza,
Fossem meus...
Deixa que o mundo
Se flagele de inveja
Deixa que ele veja
Enquanto você me beija...
E que a nossa história seja
Daquelas mais bonitas!













E se acaso nos vier
Na condução uma mulher
Postulando com sua fé
A nossa vida
Transformando as cores
Do prazer a dois em dores
E fazendo dos amantes
Pecadores...
Diga que é doença
Sua fé ensandecida!
E que a igualdade
É não mais que a diferença...
E que a nossa sentença
É a felicidade!...

Léo Rosetti












3 comentários:

  1. Linda poesia! Dá pra sentir nela a tua legítima indignação com o episódio. Resposta bem respondida!

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  2. Nossa profº que poesia mais LINDA !!
    Amei.
    Senti o que você sentiu...
    O que nós sentimos ?
    só nosso coração sabe.
    s2

    Ass Beta

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  3. Nossa,linda,linda,linda,linda e verdadeira essa poesia !!!

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