quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Da descoberta do TOC

Feliz Ano Novo!!! Sem mais explicações: a primeira postagem deste ano é de fevereiro mesmo! Sim, decidi deixar o mês de janeiro por conta das férias, em todos os âmbitos, inclusive neste blog. Estou inaugurando o 2010 do Sai na Urina não com uma poesia, como fiz em 2009. Mas o tema é curioso, e faz parte de mim.

Vocês já devem conhecer algo denominado “Transtorno Obsessivo Compulsivo”, o chamado TOC. Eu não conhecia até que alguém me informou que eu parecia ser portador deste transtorno. O TOC consiste em uma mania de simetria, de exatidão. É a obsessão compulsiva pela certificação. Depois disso comecei a perceber o quanto o TOC faz parte de mim. É tanto, que seria impossível finalizar a explanação desta importante parte de mim apenas nesta postagem. Daí me veio a ideia de uma série de publicações com o mesmo tema. Esta é, portanto, a primeira delas. Mas vamos ao que interessa. Querem saber como descobri o TOC?

Foi trabalhando! Talvez seja porque sou virginiano, vai saber. O fato é que minha mania de perfeição por vezes fazia prolongar demasiadamente o tempo para concluir minhas atividades no trabalho. Horas pra montar um cartaz simples, simplesmente por causa de uma letrinha que não estava centralizada. Ao desenhar, não poderia restar uma sombra de grafite no papel. E se restasse uma nuvenzinha negra no canto esquerdo, outra similar deveria fazer a contraposição no lado direito. Nos murais que confeccionava, tinha discussões homéricas com a Maria Luiza. Sim, porque ela é avessa ao enquadramento. Tudo pra ela tem que estar como folhas que caem desordenadamente do céu após uma ventania. Pra mim, até na desordem há de haver ordem: se um cartaz está virado 30º à esquerda, necessariamente um outro cartaz com o mesmo ângulo, à direita, faria a composição do mural.

É uma questão de simetria. Talvez seja difícil para vocês entenderem essa mania. Mas eu explico. Lembram da infância quando nos falavam que se deixássemos o chinelo virado de cabeça pra baixo nossa mãe morreria? Pois bem, imaginem a sensação de ver o chinelo virado, mas não poder desvirá-lo! Assim é o TOC. Às vezes, ao me levantar e virar pra esquerda, por exemplo, tenho a sensação de ter virado demais, sendo necessário desfazer o giro em direção ao sentido oposto. É como se minha memória tivesse registrado, ao sentar, a necessidade de percorrer o mesmo caminho, com o meu corpo, ao me levantar. Tal como um pedaço de pano que, preso ao teto em um das pontas, e se retorcido para a direita, automaticamente tem sua posição normalizada pelas propriedades da natureza. É simples.

Quer me ver passar mal? Experimente me dar um tapinha no ombro! Eu na certa precisarei ser tocado no outro ombro, com a mesma intensidade do primeiro toque. Se for necessário, eu mesmo me toco. E se, porventura, meu próprio toque extrapolar a intensidade do primeiro, meu corpo reage dizendo: Léo, dê mais um pequeno toque no outro ombro pra compensar sua mão de cavalo! Eu mesmo vejo nada de absurdo nisto! Pensem e vejam se não é lógico: estou andando numa calçada e dou uma topada numa pedra. A dor não é insuportável? A diferença é que pra mim ela é insuportável por latejar num pé só, e não pela intensidade de pancada. Por isso faço questão de pressionar o outro pé até obter sensação similar, se não de dor, ao menos de latejo.

Certa vez tive um grande problema com uma mochila. Quando eu a colocava, um de seus lados tocava de maneira mais pontiaguda as minhas costas. Mas apenas um dos lados das minhas costas. Isto era muito irritante. Não à toa eu andava a partir daí feito um robô manco, tentando consertar a alça da mochila pelas ruas, enquanto ela me sacaneava pelas costas. Troquei a maldita. Passei a usar uma bolsa. Pelo menos esta eu ponho do lado que eu quiser e alterno de acordo com a intensidade que repousar sobre cada um dos lados que a sustentar. Já me disseram que eu preciso de ajuda. Eu acho que não é pra tanto. Ou é? Será!?

5 comentários:

  1. ===

    Ajuda, não sei bem se seria o caso. Só o será se estiver atingindo suas relações sociais, privando-o de qualquer coisa. Auto-ajuda. Pode ser... (rs). Precisa é pôr simetria nessa interpretação das coisas, o teu olhar.

    A lição que observo é que nosso olhar é mera projeção das coisas. Penso que você sente alguns sentires que são fruto da sua interpretação das coisas. Por isso, o andar manco com a mochila, o retorno (caminho de volta) com o giro desfeito, o toque no outro pé a fim de compensar o latejamento, etc.

    Conhecendo-te um pouquinho, minha contribuição em forma de palavras neste comentário apenas lhe conduzirá a não exigir-se demais. As estrelas no firmamento, por exemplo, nem se dão conta se estão arrumadas ou não. Nós é que emprestamos este significado para elas. Às vezes, vemos figuras humanas; por outras, signos do zodíaco, etc... Elas "apenas" existem e se dão por satisfeitas em iluminar (se por luz própria ou por mera explosão, como o querem os mais exigentes na ciência, pouco importa).

    Como atingir tamanha riqueza a partir de uma observação tão simples? Na “forma” do olhar. O olhar-se. Começa por aí, amigo da estrela. Sê como elas. Simples. I-LUZ-minado. Sem se dar conta.

    Abraço no ar sem desfazê-lo em giro de volta!

    ===

    ResponderExcluir
  2. Hahaha, Pois éh Léo, acredita que também possuo TOC? Minha Profª de Psicologia disse que não, só mania. Mas quando essa mania se faz presente? Como a minha? A sua? A minha, é juntar coisas velhas, do ingresso do filme Avatar, até as provas da 4° série do E. Fundamental. Guardo muito papel velho, muitos convites, bilhetes e que se jogar forar, parece que um dia irei precisar! Mas, nem tudo está perdido, pois no caso do meu "TOC" é bem trabalho, rs, pois consigo me desfazer nem maiores perdas, mas existem casos angustiantes, e sério!
    Bjos Léo, 2010 Blogando com tudo!

    Thiago Ferreira

    ResponderExcluir
  3. Nossa, pirei!! Vc acabou de me fazer descobrir q eu tenho TOC!!!!!!!! Oh my Gosh!!! Peter Tosh!!! Dentre outras manias, tenho uma q não sei explicar pq a tenho.. Todos sabemos q o lado direito do corpo é diferente do esquerdo e vice-versa.. Sempre sinto q trabalho mais minha panturrilha direita, então, no meio de uma caminhada, fico dando pancadinhas na panturrilha esquerda, com meu joelho direito!!!!!!! e tb tem aquela do ombrinho, se vc me der uma cutucada ou uma massagem em um dos ombros, vc será obrigado, necessariamente, a fazer no outro.. doidera isso! mas todos somos um pouco doidos.. acaba sendo normal!!! Gostei Léo!! Fê Pimenta

    ResponderExcluir
  4. Vim dar uma visita aqui pela curiosidade do nome e fiquei... TOC, acho que todos temos um pouco...só de falar, a coisa transborda, são tantos...rsrs...bem adorei e por aqui ficarei, te seguirei e acompanharei...será que vou conseguir dormir pensando em todos os meus Transtornos obsessivos...rsrs...Beijos Roberta

    ResponderExcluir
  5. Leo, eu não conheco nenhum virginiano isento de manias. A minha é lavar as mãos, huhuhu! :P
    Beijos
    .
    .
    .

    ResponderExcluir

Para quem sabe urinar, um pingo é letra!
Alivie o estresse e urine suas idéias no seu comentário!